Empreendedorismo Na Veia – Um Aprendizado Constante

ROGÉRIO CHÉR, Elsevier, 2008

O autor Rogério Chér, inicia o livro contando um pouco de sua trajetória como empresário – uma história muito complicada que chega a dar pena e tantos infortúnios acontecidos em um período tão curto – mas conclui que é nos erros que se aprende, e acaba investindo numa empresa de consultoria, na qual atua hoje ensinando outras pessoas a serem empreendedores e não cometerem os mesmos erros que ele e outros já cometeram. Muito importante, afinal, dizem que o verdadeiro sábio é o que aprende com os erros dos outros porque a vida é muito curta para cometer todos os enganos por si mesmo.

Empreender é uma filosofia de vida

Segundo Chér, o primeiro passo para ser um bom empreendedor, é ser o biógrafo de si mesmo: tomar as rédias da vida e decidir como quer que ela aconteça, não deixar sua história ao acaso.

Vive-se no presente a sensação de que o futuro reserva algo inesperado e bom para nós, mas nossa ausência de atitude torna obrigatório torcer para que esse futuro tenha cérebro, saiba, sozinho, fazer escolhas, seja inteligente e capaz de pensar em algo para nós, na medida em que temos uma visão idealizada e desejada do que virá amanhã, como lamentavelmente ocorre com a maioria

Dito assim parece óbvio, mas Chér também destaca um péssimo comportamento das pessoas, não atentar para o óbvio.

Para escrever sua própria história é preciso de autoconhecimento. Um dos passos mais complicados, mas  fundamental para que o candidato a empreendedor, saiba o que escrever em seu livro da vida. Seu exemplo de autoconhecimento é muito interessante e tem tudo a ver com a minha área profissional, área da moda. Quando percebi essa ligação fiquei muito feliz e falei sobre isso em outro texto, A imagem pessoal e o autoconhecimento.

Em que ramo empreender?

Em geral é preferível que o candidato tenha um vínculo com a área em que deseja atuar, então é possível encontrar essa área, analisando seus próprios hobbies e preferências, além de estudar tendências buscando oportunidades. Em todo caso, não é impossível que gerindo um negócio o qual o indivíduo não se identifica pessoalmente, não significa que o negócio dará errado. Minha interpretação para isso é bem simples: quando uma pessoa é apaixonada por pesca, vai abrir uma loja de produtos para pesca. Do mesmo modo, quando outra pessoa é apaixonada por gestão, fará bem a gestão de qualquer negócio, seu prazer está nisso. Claro que este segundo grupo deve ser mais escasso, porém é uma paixão fácil de desenvolver para os leigos que se interessarem em conhecer a dinâmica empresarial.

Neste capítulo o autor ainda demonstra de formas bem técnicas como escolher a área de atuação. O processo de como começar as atividades na área escolhida também é bem interessante. Ele cita por exemplo aabertura de uma franquia, prestação de  consultoria em empresasrelacionadas ou arrumar um trabalho como empregado na área desejada. De todas, esta última foi dica que mais me interessou – Como eu não havia pensado nisso antes?

Há também a possibilidade de buscar produtos em outras empresas, em outros países ou buscar inspirações para as ideias no dia a dia, em viagens simplesmente através da observação das atividades mais corriqueiras.Enfim, encontrar um novo negócio, é um desafio e também uma longa estrada em relação à quantidade de oportunidades.

Uma boa fonte de pesquisa para as oportunidades, são as tendências de comportamento e negócios, que na moda se costuma chamar de Macrotendências. Algumas destas já vem sendo comentadas a tempos e podem até parecer ultrapassados, mas nessa hora é importante lembrar que uma tendência desse tipo, pode durar por volta de 20 anos tranquilamente. Esse tempo em relação ao livro que foi lançado a 4 anos, torna as tendências bem atuais e dos exemplos dados pelo autor, gostaria de destacar alguns bem fáceis de serem percebidos:

-Personalização e individualização dos produtos e serviços;
-Encasulamento;
-Pequenas indulgências;
-Valorização da qualidade de vida;
-Brasil do filho único;
-A vida começa aos 60;
-Droga de estilo de vida.

É só você pensar naquele dia em que saiu de casa pra comprar um presente pra você, porque você realmente merecia depois de uma semana ‘daquelas’ ou, quando sua amiga foi buscar um ateliê para fazer um vestido novo ao invés de comprar pronto. Ou ainda, pense nos seus familiares, pais, avós ou tios aposentados de quem você só tem notícias quando eles atualizam o TripAdvisor pelo Facebook, ou ainda naquele seu primo que vive tuitando que precisa de um quartinho de Lexotan.

O autor orienta também para que o novo empreendedor busque informações sobre a demografia atualizada do Brasil. Segundo ele, o aumento no número de evangélicos e ateus, a maior presença da mulher no mercado de trabalho e o aumento da consciência de raça e afirmação dos negros brasileiros são ótimos exemplos de mudanças crescentes na nossa sociedade e que geram boas oportunidades de negócios.

Veja outras tendências de consumo e negócios

A consultoria como opção de negócio

Neste capítulo, Chér fala sobre usar seus conhecimentos para prestar consultoria. Atuar como consultor é uma ótima opção para os profissionais experientes em suas áreas e não demanda muitos custos de investimento.

Quando ele fala deste tipo de empreendedorismo, é fácil perceber uma mudança no tom de suas colocações; que essa é a área que ele realmente manda bem, tem paixão, sabe como fazer em detalhes.

Já na minha posição de leitora e com uma experiência dessa área de poucos anos, o escritor me ajudou a perceber que realmente, não é muito minha praia. Ou talvez seja medo, apenas, de encarar um negócio sozinha.

Não existe negócio promissor sem inovação

No último capítulo, o assunto é criatividade, inovação e competitividade. O autor ressalta a importância de desenvolver estas três competências para empreender. Atualmente, como há muito de tudo no mercado, é preciso que a empresa tenha na definição de seu negócio, seu diferencial.

Ele cita o livro de Kim e Mauborgne, A Estratégia do Oceano Azul: Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante, onde os autores explicam que o negócio da empresa não é o produto palpável, mas sim o que ele proporciona ao cliente, e que, através deste pensamento, é possível criar um oceano azul, um mercado amplo sem concorrentes.

Um belo exemplo, usado no texto é o Cirque du Soleil: é circo? É teatro? É uma apresentação de atletas olímpicos? Difícil dizer, o fato é que ele é único. Sem este tipo de olhar para a empresa, o empreendedor corre o risco de não tornar seu negócio não duradouro. E para que isso tudo aconteça, voltamos novamente ao biógrafo de si mesmo: O empreendedor precisa saber o que ele quer, adaptar suas ações para traçar sua própria história, e como ferramenta, adotar um pensamento criativo e inovador par ao dia a dia, passando a ter menos medo e mais visão de suas atitudes e oportunidades.

Como eu havia citado anteriormente que empreender é uma filosofia de vida, vivenciar a criatividade e a inovação é parte fundamental de quem deseja vivenciá-la.

Impressões

Ganhei este livro em 2008 quando trabalha como agente no Programa Agentes Locais de Inovação, do Sebrae. Minha primeira impressão é que deveria ter lido este livro a quatro anos atrás.

O livro possui muita informação sobre o assunto podendo ser usado como guia para os iniciantes. É tanta informação que precisa ser lido com calma para assimilar todos os passos importantes.

O autor utiliza o verbo ‘ensejar’ demais. Depois da metade do livro, eu estava trocando a palavra por sinônimos mentalmente.

Quando vi a foto do autor pensei que ele é exatamente como eu imaginava, provavelmente porque ele consegue refletir seus pensamentos, ideias, na sua imagem pessoal (aquela ideia do primeiro capítulo). Coisa de quem sabe o que está falando.

Por Patrícia Bedin

2 ideias sobre “Empreendedorismo Na Veia – Um Aprendizado Constante

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